Setor financeiro é o maior pagador de impostos do Brasil, aponta estudo
12/14/20253 min read


Um estudo divulgado pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin) indica que o setor financeiro lidera o pagamento de tributos federais no Brasil desde pelo menos 2011, arrecadando consistentemente mais impostos do que sua participação relativa no Produto Interno Bruto (PIB) sugeriria.
Principais conclusões do estudo
O setor financeiro respondeu por 4,8% do PIB em 2024, sendo um dos maiores setores da economia brasileira em valor adicionado.
Entre 2016 e 2021, as instituições financeiras pagaram tributos em um patamar cerca de 10 pontos percentuais acima de sua participação no PIB estimado.
Os dados são baseados em arrecadação da Receita Federal, refletindo a contribuição tributária consolidada do segmento ao longo da última década
O relatório destaca que, enquanto a carga tributária total do Brasil é superior à de 75% dos países analisados, determinados setores — incluindo o financeiro — pagam muito mais tributos proporcionalmente do que outros segmentos.
Debate entre bancos tradicionais e fintechs
O estudo foi divulgado em meio a um debate público sobre quem suporta maior carga tributária:
O CEO do Nubank afirmou que sua instituição teria sido a maior pagadora de impostos do país, com uma alíquota efetiva de 31%.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) rebateu, argumentando que a diferença decorre de maior rentabilidade e assimetrias regulatórias, e que os bancos tradicionais seguem sendo grandes contribuintes tributários.
Crescimento e papel econômico
O relatório destaca ainda que o setor financeiro cresceu acima da média do PIB nos últimos anos — com 7,5% em 2023 e 3,7% em 2024, comparado a 3,2% e 3,4% do PIB, respectivamente — e ressaltou a expansão do crédito ao setor privado (93,5% do PIB em 2024).
Análise institucional e econômica
Importância fiscal e econômica
O levantamento sublinha que o setor financeiro não é apenas uma fonte importante de recursos tributários, mas também um impulsionador do crédito, consumo e investimento na economia. Sua contribuição acima da participação no PIB sugere que o segmento arca com carga tributária elevada, refletindo tanto a estrutura fiscal brasileira quanto a própria dinâmica de rentabilidade e intermediação financeira.
Desigualdades na carga tributária
Ao mesmo tempo, o estudo evidencia as assimetrias no sistema tributário brasileiro — onde alguns setores contribuem de forma desproporcional em relação à sua participação econômica global, enquanto outros se beneficiam de regimes específicos de redução de tributos. Isso alimenta debates sobre equidade fiscal e competitividade setorial. Diário do Comércio
Implicações para o debate da reforma tributária
Com o Brasil enfrentando uma carga tributária em níveis históricos, debates sobre reformulação de tributos — incluindo a reforma do IVA (IBS/CBS) — têm impacto direto sobre o setor financeiro, que poderia ver mudanças na tributação de serviços financeiros e spreads bancários em regimes futuros.
Sugestão de investimento (Monitor Econômico)
Contexto:
Ambiente de elevada carga tributária e debates sobre reforma tributária e estrutura fiscal podem afetar expectativas de lucro e valuation de instituições financeiras.
Estratégias possíveis:
Ações de bancos e instituições financeiras sólidas, destacando aquelas com forte vantagem competitiva e capacidade de repassar custos regulatórios ao público;
ETFs setoriais de financials globalmente, para diversificação se o mercado local sofrer volatilidade por temas fiscais;
Títulos públicos com indexação real (Tesouro IPCA+), para mitigar risco fiscal e potencial ruído político.
Monitorar de perto:
Mudanças propostas na reforma tributária que possam alterar o regime de tributação de serviços financeiros;
Ajustes no IOF e outros tributos sobre operações financeiras, cujo impacto pode afetar margem líquida de bancos e fintechs.
Em cenários de carga tributária elevada, diversificação e proteção contra riscos institucionais são estratégias prudentes para preservar positividade de retorno.
